Choro sempre em silêncio

É raro chorar. Ensinaram-me que a tristeza era fraqueza e até hoje me ficou esse instinto. Quando choro, choro de desespero; profundo, angustiado, físico e visceral. Mas sempre com timidez e, por isso, em silêncio para não perturbar o mundo a quem o meu choro nada alimenta. Fui-me avolumando pela vida, mas na realidade sóContinue a ler “Choro sempre em silêncio”

. da perda

Os mecanismos da perda são curiosos. Revestem-se de desconstrução feita no meio da dor. Obrigam-nos a mergulhar no pântano do sofrimento e a espernear atolados em viscosidade e degradação, o que só nos afunda mais na prisão imobilizante de um certo desespero. Perder implica posse. Vem daí a platitude parva do “mais vale amar eContinue a ler “. da perda”

É só carregar num botão

Só me lembrei quando passei a soleira e senti o silêncio. Parei na entrada, com a porta ainda aberta, a carteira ao ombro e a Uncharted a saltar em automatismo do telemóvel para a coluna esquecida nessa manhã no esvazia bolsos. Ainda por cima Kensington era a tua cena, tinhas sido tu a trazê-los paraContinue a ler “É só carregar num botão”

coagulação, inflamação, proliferação, contração, remodelação

Começou tudo no sábado em que, a acabar de preparar o jantar para as visitas, cortei o anelar esquerdo ao mesmo tempo que o pão. Foi uma dor momentânea, de sangue abundante, com uma faca de pão grosseira que esfacelou mais do que golpeou. Apertei o dedo acima do coração a caminho da casa deContinue a ler “coagulação, inflamação, proliferação, contração, remodelação”