Não te deixo tomar banho quando chegamos a casa da praia. Gosto de te despir e passar as mãos pelo teu contorno. Encostar o nariz à tua pele e sentir o cheiro a bronzeador, mar, areia, transpiração. No final de tudo isso – que sabe a sol – o odor que é só teu. Que reconheço de olhos fechados, como um cão pisteiro solto numa floresta desconhecida.
Navegamos pela casa largando roupas, toalhas, sacos, chaves, isqueiros. Areia que rasga o chão de madeira. Não temos propósito mas sabemos o destino. Os corpos quase massacrados pelo sol, misturados e vorazes, atirados contra lençóis de algodão frio, ao sabor da luz que roda para longe da vista. Juntamos novos perfumes, celebramos um verão que há de chegar e acabamos no terraço onde ninguém nos vê a chocalhar pedras de gelo em gin britânico e rum colombiano.
Encosto o copo vazio mas ainda gelado ao teu peito e aceito render-me à realidade de um duche que encerra um fim de semana e te eterniza nos meus sentidos.
