minha Lisboa (que não quero deixar)

Parto de alma cheia, coração pesado e cabeça em turbilhão. Redescobri essa capital que me pertence, 20 anos depois – renovada, mas ainda a mesma. E na altura perfeita: no final de um Verão que ainda aquece as ruas e liberta tempo às minhas gentes e a recuperar de um confinamento que devolveu os daContinue a ler “minha Lisboa (que não quero deixar)”

Voltar atrás para seguir em frente?

Os trejeitos estão lá. O falar ininterrupto, o preencher o vazio com voragem. Os teus substantivos, os teus inatismos. A tua construção que nunca cheguei a perceber se é feita para ser fortaleza ou se é de facto simplesmente a tua fundação. Ao fim de algum tempo estava lá até o meu tique de revolverContinue a ler “Voltar atrás para seguir em frente?”

é suposto o amor dar trabalho?

Bagagem. Passado. História. Temos todos, não temos? Uns mais cedo, outros mais tarde – mas andamos todos pela vida fora a coleccionar amolgadelas nos pára-choques. Quando chegamos às mãos de alguém já vamos danificados. Até podemos levar aquele cheiro a carro novo, conquistado numa lavagem manual qualquer, mas não há massa de polir que apagueContinue a ler “é suposto o amor dar trabalho?”

Meia vontade de nada

Acordei às 7h30, mas só me levantei às 9h30. Com meia vontade de tudo. Meia vontade de ler, meia vontade de escrever, meia vontade de sexo, meia vontade de sair. Saí da cama, fui fazendo o pequeno almoço, fui comendo o pequeno almoço, fui tomando banho, fui arranjando o cabelo, fui-me vestindo. Escrevi, troquei meiaContinue a ler “Meia vontade de nada”

Marcadores de intimidade – Ler em voz alta

Há gestos, cumplicidades, odores, partilhas, toques que só acontecem dentro da película da esfera da intimidade. A intimidade transcende o sexo, transcende a quotidianidade, transcende o hábito. A intimidade revela-se em pequenos nadas que carregam o mundo às costas. Inaugura-se hoje o Marcadores de Intimidade do Blue Notes. Ler em voz alta. Ler em vozContinue a ler “Marcadores de intimidade – Ler em voz alta”

O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem

Ainda tenho a E de sábado deitada comigo na cama. Armar-me em fénix na meia idade tem destas coisas; renasço na reinvenção, mas também recupero as minhas inevitabilidades. E ser vida para a qual o relógio não chega será sempre uma delas. A inquietude da próxima curva da estrada também permanece e complica a matemáticaContinue a ler “O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem”

Músicas da minha vida – “Pedra Filosofal”

Há vozes que não esquecemos. Lembro-me da da Mãe Florinda quando me ralhava por tirar os coelhos bebés das jaulas para lhes fazer festinhas – ficavam “moles”; era uma voz zangada mas bondosa. Lembro-me da da professora Piedade quando me dizia para corrigir as vírgulas nos meus artigos para o jornal da escola preparatória; nãoContinue a ler “Músicas da minha vida – “Pedra Filosofal””

Amores impossíveis – Beirute, Líbano

Tenho um fascínio incontornável pelo que já foi e não volta a ser e Beirute habita no meu imaginário como algo que cheguei demasiado tarde para viver. Falhei o Maio de ’68, falhei Woodstock, falhei os cravos no Carmo. Nasci 30 anos atrasada. A explosão no porto de Beirute virou novamente os olhos do mundoContinue a ler “Amores impossíveis – Beirute, Líbano”

“quem adormece em democracia acorda em ditadura”

Vários escritores de língua portuguesa publicam hoje no Público uma carta aberta em que repudiam o racismo, a xenofobia e o populismo e defendem uma cultura e uma sociedade livres, plurais e inclusivas: Temos assistido nos últimos meses a um crescente sentimento nacional de que falar de racismo em Portugal é dar palco a quemContinue a ler ““quem adormece em democracia acorda em ditadura””

Profilácticos

Dar as mãos é agora um acto subversivo. Já pensaram nisso? Há quase meio ano que partilhar toque passou a ser tabu. Se vemos alguém tirar a máscara para beijar outra pessoa reagimos com repulsa e recriminação – “que nojo, inconscientes!”. Quando nos deixaram sair de casa e reencontrámos os nossos afectos, aprendemos a refrearContinue a ler “Profilácticos”

Músicas da minha vida – “Wish You Were Here”

Descobri tristemente muito cedo que a morte é o destino inescapável até de quem é imortal, mas só aprendi o que é ausência já na idade adulta. Esse vácuo, esse vórtice, esse oco, que percebes num relâmpago que nada nunca ninguém poderá preencher porque não há no universo matéria igual ao que se perdeu. AContinue a ler “Músicas da minha vida – “Wish You Were Here””

Take da Lusa

Nos anos em que andei a estudar para ser jornalista, treinávamos com takes da Lusa. Eram notícias escritas pela redacção da agência, partilhadas por um sistema de impressão à distância (sim, sou pré-internet), que recebíamos, seleccionávamos e (às vezes) reescrevíamos ou (outras vezes) editávamos. Inaugura-se hoje o Take da Lusa do Blue Notes. Na Bielorrússia,Continue a ler “Take da Lusa”